A organização da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática) voltou atrás na decisão de retirar açaí, tacacá e maniçoba do cardápio dos restaurantes do evento e passou a permitir esses alimentos após a atuação do ministro do Turismo, Celso Sabino. A Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), responsável pelas contratações para o encontro em Belém, havia divulgado um edital com as regras para a seleção de operadores de restaurantes e quiosques que funcionariam durante a conferência, proibindo a oferta de pratos típicos da Amazônia. No entanto, neste sábado (16), o documento foi republicado.
Sabino, que é de Belém, articulou junto a chefes de cozinha paraenses para garantir a presença de pratos e ingredientes tradicionais, como maniçoba, açaí e tucupi, na COP30, segundo nota do Ministério do Turismo. Após conversas com a OEI e com o secretário-geral da COP, Valter Corrêa, o ministro anunciou a republicação do edital.
A justificativa para a exclusão do açaí e de outros alimentos típicos da região Norte havia sido o risco à saúde. O edital apontava que o açaí apresenta “risco de contaminação por Trypanosoma cruzi [causador da doença de Chagas], se não for pasteurizado”.
De acordo com o Ministério da Saúde, em 2023 foram confirmados 4.560 casos de doença de Chagas no Brasil. Especialistas afirmam que a forma de preparo do açaí pode favorecer o contágio, já que o protozoário Trypanosoma cruzi, transmissor da enfermidade, pode estar presente. Embora há algumas décadas a principal via de transmissão fosse a picada do barbeiro, esse tipo de contaminação se tornou menos comum com a urbanização.
“O barbeiro pode estar no cacho do açaí. Ao ser moído, o inseto vai junto. Ou quando o preparo é feito à noite, e a luz atrai o barbeiro, que acaba saindo naquele suco que está sendo preparo”, explica Odilson Silvestre, cardiologista do Hospital Silvestre Santé, no Acre.
Por Jovem Pan




